Reflexões sobre as decisões estratégicas no design de marcas

Às vezes, me pego pensando na delicadeza do design. Não no design como um conjunto de regras ou ferramentas, mas como uma expressão quase filosófica de equilíbrio entre o que é essencial e o que é supérfluo. Cada linha, cada cor, cada espaçamento… será que todas essas pequenas decisões realmente importam? Para mim, sim. Cada escolha tem um motivo, um peso, e nenhuma delas é aleatória. Mas por quê?

Quando eu decido por um tom de azul específico ou um espaçamento mais generoso, estou tentando comunicar algo que vai além das palavras. É quase como se eu quisesse transmitir um sentimento, uma essência. E, mesmo quando a decisão é puramente estética, quando o objetivo é apenas “ficar bonito”, isso também é estratégico. Porque, no final, o que é uma marca senão a forma como ela faz as pessoas se sentirem? Se um detalhe visual é o que conecta o público a essa sensação, então ele cumpriu sua função, mesmo que pareça superficial para alguns.

Mas, por mais que eu acredite nisso, convencer o cliente às vezes é um desafio. E não por falta de entendimento, mas porque confiança se constrói, não se impõe. É como uma dança cuidadosa: eu apresento minhas ideias, justifico cada uma com base em uma análise cuidadosa da empresa e do mercado, e espero que o cliente me acompanhe nesse ritmo. Quando ele entende que minhas escolhas não são aleatórias, mas resultado de um estudo profundo e de uma busca por uma identidade visual que ressoe com a verdade da marca, essa dança flui.

Só que, em alguns momentos, a música desafina. Surgem sugestões impulsivas, ideias de última hora que podem enfraquecer toda a estrutura que construímos. E aí, como designer, tenho que lembrar que não é sobre impor minha visão, mas proteger a integridade do projeto. Manter a consistência e a coerência é um ato de respeito — respeito ao cliente, à marca e ao processo criativo.

Eu só posso exigir esse respeito, no entanto, se estiver absolutamente seguro do que estou fazendo. Porque, se eu mesmo não acreditar nas minhas escolhas, como vou conseguir mostrar ao cliente que a ideia de ajuste dele, por mais bem-intencionada que seja, não é a melhor? Estudo e autoconfiança se tornam não só fundamentais, mas vitais. E é aí que percebo que essa segurança não vem apenas do conhecimento técnico, mas de uma profunda conexão com o meu próprio processo criativo.

Alcançar a excelência é, muitas vezes, uma questão de equilibrar a confiança do cliente com a nossa própria certeza. Um designer que duvida das suas próprias decisões dificilmente conseguirá transmitir a segurança que o cliente precisa para confiar plenamente. É como se, em vez de guiar a dança, eu tropeçasse no ritmo, e isso mina todo o trabalho.

Por isso, quando olho para cada projeto, tento me lembrar: tudo precisa ter uma razão para estar ali. Não importa se é um detalhe que busca a excelência, a funcionalidade ou, até mesmo, algo que seja apenas visualmente agradável. Se faz parte, é porque tem um propósito.

No fim, esse é o meu jeito de enxergar o design. Não como uma sequência de etapas a seguir, mas como um caminho pessoal e profissional que, por meio de reflexões e escolhas conscientes, me leva a criar algo que realmente faça sentido. Algo que, com sorte, também inspire quem está do outro lado a encontrar suas próprias respostas.